top of page

Sindicato Nacional do Ensino Superior - Coimbra

Associação Sindical de Docentes e Investigadores​

SNESUP

Trabalho e Globalização e Ensino Superior

 

A globalização é, provavelmente, um dos fenómenos atualmente mais controversos.

 

A globalização cria riqueza, mas, com o mundo a ficar mais rico, as desigualdades entre ricos e pobres não param de se agravar. A globalização cria oportunidades, mas precariza e destrói o emprego. Esta dimensão controversa da globalização estende-se ao Ensino Superior.

 

Ao mesmo tempo que é encarada como um ator preponderante do desenvolvimento económico e social, a universidade mergulha numa crise profunda. As características mais marcantes da universidade dos nossos dias centram-se nos processos de internacionalização. Mas também na adoção, por parte das instituições de ensino superior, de uma cultura organizacional, dominada pelas correntes managerialistas, que as aproxima das empresas. A formação superior afasta-se de um conhecimento eclético para se ajustar a perfis cada vez mais estreitos e cada vez mais centrada nas necessidades do mundo do trabalho. Mas, ao mesmo tempo, a universidade que, por essas vias, parece cumprir o seu desígnio de garantir a liberdade de aprender e de ensinar, é vista como produtora de desemprego qualificado. A universidade parece já não ser capaz de garantir um futuro. Se a universidade foi durante décadas um mecanismo de inclusão social e de promoção da mobilidade social ascendente, à medida que incorpora as novas tecnologias nas estratégias de ensino e de aprendizagem, e que mercadoriza os seus processos de funcionamento, [a universidade] é vista como um mecanismo de exclusão. A universidade parece incluir mais do que ser capaz de integrar. Sobretudo porque a capacidade de integração que a universidade parecia garantir tinha a ver com a sua preponderância nos mecanismos de acesso aos empregos qualificados, estáveis e bem remunerados.

 

As narrativas académicas estão cada vez mais marcadas pela linguagem dominante da economia mundial: performance, competição e rentabilidade. A globalização tem trazido consigo várias formas de liberalização do ensino superior. E a educação superior arrisca-se a tornar-se, neste contexto, um bem de consumo corrente como outro qualquer.

 

Quase tudo estaria bem se a lógica da eficácia e da eficiência, que também se alastra ao ensino superior, não estivesse a ser defendida e idolatrada num mundo marcado por desiguldades gritantes e intoleráveis.

dotrabalho

bottom of page